sábado, 22 de novembro de 2008

aranha armadeira


· Informações gerais:

As aranhas armadeiras pertencem ao gênero Phoneutria, família Ctenidae. Caracterizam-se pela disposição dos olhos em três fileiras (2 – 4 – 2) e pela presença de uma escópula (escova de pêlos na face interna dos palpos). As espécies podem atingir um comprimento total de até 15 centímetros.


Esquema de uma aranha armadeira – Phoneutria nigriventer. (Reproduzido do livro: Soerensen, B. – Acidentes com Animais Peçonhentos, Editora Atheneu, São Paulo, 1997).


Ocorrem em toda a América do Sul, sendo exportadas para outros países devido ao fato de abrigarem-se em cachos de banana (“banana spiders”).


Aranha armadeira. (Fonte: folheto “Acidentes com Animais Peçonhentos” – Instituto Butantan).


Estas aranhas apresentam hábitos noturnos, caçando suas presas ativamente, usando apenas seu veneno (não constroem teia). Costumam abrigar-se em fendas de barrancos, sob cascas de árvores ou troncos caídos, em bananeiras, bromélias e palmeiras, habitando também as imediações das residências humanas, escondendo-se durante o dia em pilhas de madeiras, tijolos ou telhas. No interior das casas escondem-se em sapatos, atrás de cortinas e no meio de roupas.


Aranha armadeira. (Fonte: site Bioterium – http://www.bioterium.com.br).


Todas as espécies são causadoras de acidentes, apresentando um comportamento bastante agressivo, picando quando se sentem ameaçadas. Desta forma, assumem uma atitude típica, apoiando-se nos dois pares de pernas traseiros, erguendo os dois pares de pernas dianteiros e os palpos, abrindo os ferrões e eriçando os espinhos. Acompanham o movimento do agressor, sendo muito rápidas, procurando a defesa no ataque.


Aranha armadeira em posição de ataque. (Fonte: livro “Plantas Venenosas e Animais Peçonhentos” – Samuel Schvantsman, 2ª Edição, Sarvier Editora de Livros Médicos Ltda., São Paulo, 1.992).



· Veneno e mecanismos de ação:

O veneno de uma aranha armadeira é composto por polipeptídeos básicos, com peso molecular entre 5.000 dáltons e 6.000 dáltons, apontando a possibilidade de que o mesmo poderia ter vários componentes farmacológicos distintos, cada um correspondendo a um ou mais efeitos.
Estudos experimentais demonstraram que o veneno atua basicamente sobre os canais de sódio, induzindo a despolarização das fibras musculares e de terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo. Estas observações justificariam a sintomatologia dolorosa no local da picada (maioria dos casos) e as manifestações sistêmicas (casos graves), conseqüente à liberação de neurotransmissores do sistema nervoso autônomo, principalmente catecolaminas e acetilcolina.



· Clínica:

Na quase totalidade dos casos a dor é o sintoma mais freqüente, sendo de intensidade variável – às vezes insuportável – podendo irradiar-se até a raiz do membro.
No local ou nas proximidades da picada pode-se verificar a ocorrência de edema, sudorese, hiperemia, parestesia e fasciculação muscular. Raramente pode ocorrer de o paciente não apresentar nenhuma sintomatologia após a picada, indicando que provavelmente não ocorreu a inoculação de veneno.
Assim, de acordo com a gravidade do envenenamento, os acidentes podem ser classificados em:

ACIDENTES LEVES
O tipo mais freqüente, com sintomatologia local. Secundariamente à dor, pode-se verificar eventualmente taquicardia e agitação.

ACIDENTES MODERADOS
Paralelamente às manifestações locais podem ocorrer alterações sistêmicas, tais como taquicardia, hipertensão arterial, sudorese profusa, agitação psicomotora, visão “turva”, vômitos (ocasionais), dor abdominal, priapismo e sialorréia discreta.

ACIDENTES GRAVES
São raros, praticamente restritos a crianças. Além das manifestações leves e moderadas, verifica-se a ocorrência de vômitos profusos e freqüentes, bradicardia, hipotensão arterial, insuficiência cardíaca, arritmias cardíacas, choque, dispnéia, graus variáveis de depressão neurológica (incluindo o coma), convulsões, edema pulmonar agudo e parada cardiorrespiratória.



· Tratamento:

SINTOMÁTICO
Na presença de dor local deve-se administrar um analgésico sistêmico e/ou proceder à infiltração anestésica local, com lidocaína a 2%, sem vasoconstritor.
Estes procedimentos, isolados, são suficientes na maioria dos casos.
Outro procedimento auxiliar, aparentemente útil no controle da dor, é a imersão do local em água morna, ou uso de compressas quentes.

ESPECÍFICO
Nos casos com manifestações sistêmicas em crianças e em todos os acidentes graves é indicada a soroterapia. Nestas situações, os pacientes devem ser internados para melhor controle dos dados vitais, parâmetros hemodinâmicos e tratamento de suporte e das possíveis complicações. A possibilidade de ocorrência de óbito é muito rara.
Recomenda-se o uso de soro antiaracnídeo polivalente, na dose de 5 a 10 ampolas, por via intravenosa.

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